Na próxima sexta (18) será inaugurada, em Botucatu, a primeira Residência Terapêutica da Cidade. O evento, que se realizará no Dia Nacional da Luta Antimanicomial, terá início às 9 horas na sede localizada à Rua Doutor Costa Leite, nº1.226, Centro. O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) é um projeto do Serviço Único de Saúde (SUS) que, juntamente com o programa “De Volta Para Casa” e o “Programa de Reestruturação dos Hospitais Psiquiátricos”, vem concretizando as diretrizes de superação do modelo de atenção centrado no hospital psiquiátrico. O principal objetivo das Residências Terapêuticas consiste em avançar na desinstitucionalização e efetiva reintegração de doentes mentais graves na comunidade, tarefa a que o SUS tem se dedicado com especial empenho durante os últimos anos. Elas são casas localizadas no espaço urbano, constituídas como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos e que não encontraram um suporte adequado na comunidade. Além disso, essas residências podem servir de apoio a usuários de outros serviços de saúde mental, que não contam com suporte familiar e social suficientes para garantir espaço adequado de moradia. A unidade que será inaugurada corresponde a uma Residência Terapêutica de tipo 1, direcionada ao acompanhamento de pessoas que, mesmo possuindo distúrbios psicológicos, têm um maior domínio na condução das suas atividades diárias. Nesse primeiro momento, serão recebidos na casa oito pacientes que ocupavam leitos vitalícios há alguns anos no Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) “Professor Cantídio de Moura Campos”. Segundo o psicólogo responsável pelo serviço em Botucatu, Márcio Pinheiro Machado, essas pessoas já estão familiarizadas com o espaço urbano, realizando normalmente atividades como ir ao banco e fazer compras. “Essas pessoas serão acompanhadas por um cuidador que estará presente na unidade em tempo integral. A residência também contará com profissional da área de enfermagem e com uma auxiliar para a realização dos serviços domésticos”, explica. Com a transferência dos pacientes para a residência, os leitos vitalícios do Cantídio serão fechados, podendo ser ocupados somente para tratamento com tempo determinado. O Ministério da Saúde pretende, com essa proposta, promover uma reforma na área psiquiátrica do País, de forma que sejam disponibilizadas moradias adequadas aos usuários do SUS com problemas psicológicos e, assim, encerrados os leitos vitalícios no hospital. Sobre o SRT - O Serviço de Residência Terapêutica é uma proposta do Ministério da Saúde, implementada pelo Serviço Único de Saúde, que tem como principal objetivo acolher, por meio de moradia e suporte no tratamento psicológico, pessoas que tenham problemas mentais graves, promovendo a reintegração das mesmas na comunidade. Podem se beneficiar do projeto: - Portadores de transtornos mentais, egressos de internação psiquiátrica em hospitais cadastrados no SIH/SUS, que permanecem no hospital por falta de alternativas que viabilizem sua reinserção no espaço comunitário; - Egressos de internação em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em conformidade com decisão judicial (Juízo de Execução Penal); -Pessoas em acompanhamento nos Centros de atenção Psicossocial (CAPS), para as quais o problema da moradia é identificado, por sua equipe de referência, como especialmente estratégia no seu processo terapêutico; - Moradores de rua com transtornos mentais severos, que estejam inseridos em projetos terapêuticos especiais acompanhados nos CAPS. O número de usuários pode variar desde um indivíduo até um pequeno grupo de no máximo oito pessoas para o Serviço Residencial Terapêutico do tipo 1, o qual é específico para os pacientes que já possuem um maior grau de autonomia nas atividades de vida diária. Já o SRT do tipo 2 pode chegar a ter um grupo de dez pessoas, as quais apresentam uma capacidade menor para conduzir suas ações no dia a dia. Como os SRTs se estabelecem por modalidade assistencial substitutiva da internação psiquiátrica prolongada, a cada transferência de paciente do hospital psiquiátrico para uma residência deve haver redução de igual número de leitos no hospital de origem, o que corrobora para a efetiva aplicação da Reforma Psiquiátrica no Brasil.
